Isabella Silveira PsicoClinic • 19 de julho de 2025

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Por que a ausência do meu pai ainda me afeta?

Por que a ausência do meu pai ainda me afeta

Há dores que atravessam os anos em silêncio. Crescemos, conquistamos nossa independência, construímos vínculos, mas algo dentro de nós permanece sensível, como uma ferida que nunca cicatrizou completamente. A ausência do pai, seja ela física, emocional ou simbólica, é uma dessas experiências que deixam marcas profundas. E não é raro que, mesmo na vida adulta, essa ausência continue reverberando, de maneiras muitas vezes sutis, mas constantes.

Mas por que algo que aconteceu há tanto tempo ainda nos toca com tamanha intensidade? Por que, mesmo quando racionalizamos ou tentamos minimizar, a ausência paterna segue nos acompanhando?

O pai que não esteve: presença física não é sempre presença afetiva

Nem sempre a ausência está associada ao abandono evidente. Há pais que estiveram presentes no cotidiano, mas distantes emocionalmente. Outros que ocuparam o espaço material, mas não ofereceram escuta, cuidado ou reconhecimento. E há ainda aqueles que simplesmente não estiveram, por escolha, por negligência ou por circunstâncias que os afastaram.

A figura paterna carrega, em muitas estruturas psíquicas, o papel de referência: alguém que reconhece, que nomeia, que introduz o sujeito no mundo da cultura, das regras, da separação, do outro. Quando esse lugar é ocupado de forma falha ou inexistente, algo em nós permanece em suspenso. Como confiar no mundo se aquele que deveria dar estrutura não esteve ali? Como confiar em si, quando a própria existência não foi suficientemente reconhecida por quem deveria sustentar essa função?

Adultos com dores infantis: como a ausência se manifesta

A ausência paterna não se apaga com o tempo. Pelo contrário, ela pode se deslocar da infância para os relacionamentos afetivos, para a vida profissional, para a autoestima. Pessoas que cresceram sem essa referência sólida muitas vezes carregam uma sensação de inadequação, uma busca constante por aprovação, ou a dificuldade de estabelecer limites e reconhecer seu próprio valor.

Você já se pegou sentindo que precisa se provar o tempo todo? Já se perguntou por que, mesmo em vínculos amorosos, teme ser deixado ou não se sente digno de ser escolhido? Por que repete padrões que lhe causam sofrimento, mesmo tendo consciência deles?

Essas repetições não são aleatórias. Elas frequentemente apontam para uma tentativa inconsciente de reparar a ausência vivida no passado tentando, em vão, fazer com que o outro ofereça aquilo que o pai não foi capaz de oferecer. Mas nenhuma relação adulta é capaz de suprir o que foi falhado na origem, se essa falta não for reconhecida e simbolizada.

O luto do que não se teve: nomear para elaborar

É difícil fazer o luto de algo que nunca existiu. Como elaborar a dor da ausência de um afeto que não chegou a ser vivido? Como chorar por um vínculo que não se formou?

Reconhecer a falta é, paradoxalmente, o primeiro passo para lidar com ela. Não para suprir, mas para dar sentido. Para compreender o impacto que essa ausência teve e continua tendo, e para, a partir disso, construir outras possibilidades de existência menos pautadas na busca por um ideal inatingível, e mais conectadas com a realidade possível.

O que você esperava ouvir do seu pai que nunca foi dito? O que você ainda tenta encontrar nos outros que talvez tenha faltado lá atrás?

Nomear essas perguntas é parte de um processo de maturação emocional. Não se trata de buscar culpados ou permanecer aprisionado ao passado, mas de reconhecer que aquilo que nos constitui não se apaga por negação. Ao contrário: só se transforma quando é acolhido com verdade.

Atravessar a falta, sustentar o desejo

A ausência paterna pode ter deixado um vazio. Mas esse vazio, quando elaborado, pode se tornar um espaço de criação. Um lugar de escuta de si, onde nasce a possibilidade de se reconstruir, de se apropriar da própria história e de deixar de viver em função da falta para, enfim, viver em função do desejo.

A resposta para a pergunta "por que a ausência do meu pai ainda me afeta?" não é simples, nem imediata. Mas ela pode abrir um caminho. Um caminho de retorno à própria história, de construção de sentido, e, sobretudo, de reconciliação com a própria subjetividade.

Se essa ausência ainda pesa em sua vida, talvez seja o momento de escutá-la com mais profundidade. O que ela ainda quer dizer? Que espaço ela ocupa dentro de você? E o que pode surgir quando, em vez de silenciar a dor, você decide acolhê-la?


Se você sente que essa ausência ainda reverbera em sua vida, afetando seus vínculos, suas escolhas e sua relação consigo mesmo, talvez seja hora de olhar para isso com mais profundidade. O processo terapêutico oferece um espaço seguro e cuidadoso para que essas marcas possam, pouco a pouco, ser compreendidas e ressignificadas.



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